Opinião: Por quê o fim do isolamento pode não ser o melhor para a economia no Brasil

Opinião: Por quê o fim do isolamento pode não ser o melhor para a economia no Brasil
Carlos Chagas

Escrito por Anatole Nogueira Grabriele

A reportagem “Por que o fim do isolamento pode não ser o melhor para a economia do Brasil” (escrita por Rodrigo Mattos e veiculado pelo portal de notícias Uol), citando estudos realizados pelo Banco Central americano sobre a Gripe Espanhola de 1918, demonstra que as cidades americanas que adotaram, na época, medidas de isolamento extremo (como a que estamos fazendo agora), conseguiram se reerguer mais rapidamente e ter um desempenho econômico melhor do que aquelas que não adotaram isolamento algum ou retardaram a medida.

Esse fato pode ter se dado por uma simples razão: vidas humanas constituem capital econômico extremamente relevante. Se uma pessoa morre prematuramente, estará excluída do mercado toda a aquisição de bens que aquele indivíduo poderia ter adquirido: seguros, empréstimos, bens de consumo em geral etc. Se uma cidade (ou um país) apresenta uma taxa de mortalidade maior do que outro, isso significa milhões (ou até bilhões) de dólares que foram extirpados do mercado em razão de mortes prematuras que poderiam ter sido evitadas com um isolamento de um ou dois meses. Não só isso, os impactos no sistema de saúde são incomensuravelmente maior caso inexista isolamento, e isto geraria um gasto público exorbitante, com potencial a ultrapassar os impactos de um período de isolamento.

No mais, mesmo sem regras rígidas de isolamento, apenas pela existência de um vírus perigoso rondando o ambiente público, o comércio em geral sofreria impactos negativos. Menos pessoas circulam, menos pessoas compram. Imagine hoje se o comércio ativo estivesse, poucos tomariam como prioridade sair de casa para comer um hambúrguer no Madero. Existem mil interesses por trás de manifestações toscas como a do Sr. Madero e do Sr. Havan. Estes não estão preocupados com o bem-estar dos trabalhadores ou da sociedade como um todo. Estão preocupados, sim, com seus próprios interesses: especulação, perda de capital dos seus fundos de investimento, queda da bolsa. Portanto, não custa lembrar: a grande elite econômica não se preocupa com você.